terça-feira, 20 de julho de 2010

Os bastidores do circo

Falta mais ou menos duas horas e meia para o início do espetáculo quando os jovens artistas se agacham na beirada do palco do Theatro São Pedro para ouvir as instruções do homem que está sentado na primeira fila. Quem chega atrasado leva puxão de orelha:

- Quando eu chamo, é para vir na hora, viu?

Então, ele comunica que a apresentação será gravada pela TV, explica onde as câmeras estarão posicionadas e cobra:

- Hoje vocês não podem errar nada. Quer dizer, não podem errar nunca, mas hoje menos ainda.

> Veja mais dos bastidores do espetáculo no vídeo:

Nas coxias, os artistas do elenco de Exotique confirmam que o fundador e diretor-geral do Tholl, João Bachilli, tem mesmo fama de carrasco. Mas desperta respeito e admiração. Ele não nega. Diz que a rigidez é a maneira que encontra para imprimir disciplina. No mais, lembra que os jovens às vezes o amam e às vezes o odeiam, “como em qualquer grupo”.

Mas não é qualquer grupo que consegue se instalar no mais tradicional teatro da Capital para uma temporada de quase um mês (começou em 1º de julho e vai até o dia 25), apresentando-se de terça a domingo e arrebanhando um público que supera o de muitas produções que chegam à Capital do Rio ou de São Paulo.

Exotique é o segundo espetáculo da trupe pelotense. Estreou em 2008 como um pocket show e foi crescendo até chegar a 70 minutos, o formato atual. A fórmula é semelhante à de Tholl - Imagem e Sonho, que estreou no final de 2002 e segue viajando pelo país: uma combinação de circo e teatro que chama a atenção pelo apuro técnico do elenco e pelo cuidado extremo com maquiagem, figurino e cenografia. O próximo espetáculo, Kaiumá, deve estrear já em 2011.

Observando de perto, Exotique representa um passo adiante. Há mais solos do que na produção anterior. O figurino é mais elaborado. Até o tema amadureceu: é a história de um viajante que descobre lugares e pessoas diferentes, com um quê de sensualidade que culmina na aparição de uma personagem com um chicote em punho. Gerou certa polêmica quando o grupo se apresentou, em março, no Festival de Teatro de Curitiba.

- A culpa não foi nossa. A comissão do festival deliberadamente colocou Exotique na mostra infantil. Só porque é circo não quer dizer que seja exclusivo para crianças. Fazemos espetáculos para todos os públicos. As crianças adoram Exotique e também adoram a cena do chicote - diz Bachilli.

Enquanto isso, ele revela que anda tentando resolver a situação criada pela saída de um integrante do elenco. Nada de mais. É que ele é supersticioso, gosta de números ímpares.

- É uma mania. Estou desesperado para repor o 17º integrante - sorri.

EXOTIQUE, com o grupo Tholl
> Direção geral de João Bachilli
> Duração: 70 minutos
> Classificação: livre
> Temporada até 25 de julho
> De terças a sábados, às 21h, e domingos, às 18h
> Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100
> Onde estacionar: no Estacionamento Multipalco (Riachuelo, 1.089), a R$ 10
> Ingressos: R$ 25 (galerias), R$ 30 (camarote lateral), R$ 40 (camarote central e cadeiras extras) e R$ 50 (plateia). Desconto de 20% para titular e acompanhante do Clube do Assinante e Clubinho


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